Boardwalk Empire: Fatos e Ficções [Parte 2]

Caro Leitor, como visto no artigo anterior sobre – Fatos e Ficções por traz da série Boardwalk Empire – aprendemos que, atrás de cada série de TV de sucesso, há sempre uma equipe de pesquisa que trabalha em seus fundamentais detalhes.

Na primeira parte sobre essa série de 3 artigos, já descobrimos algumas das histórias reais da série, mas, sobretudo, conhecemos o verdadeiro gênio e responsável pelo sucesso de todo o seriado: Terence Winter, também conhecido por ser o escritor e produtor da Família Soprano.

Da mesma forma conhecemos seus colaboradores mais fiéis: Edward McGinty, um nativo de Atlantic City, famoso por ter sua história familiar intensamente conectada a Atlantic City dos anos 20, e por fim, Vick Gold Levi, uma importante historiadora e escritora, também amiga do verdadeiro Nucky Johnson na Era da Proibição dos gangsters, desde a mocidade.

Os três juntos compunham a equipe de pesquisas históricas por trás da série Boardwalk Empire, na qual esta valiosa entrevista é direcionada. Para ter uma visão completa sobre esta matéria, aconselhamos ler a primeira parte do artigo.


Como fazem para encontrarem especialistas sobre a Atlantic City dos Gangsters?

Terence Winter:  Esta figura foi uma das primeiras que assumiu a série. Conheci a Los Angeles. Foi uma daquelas coisas que fazem você acreditar no destino. Eu estava desenvolvendo um show e tive uma conferência na Columbia University, isto a 12 anos antes quando trabalhava em Sopranos.

O sujeito que tinha organizado a conferência na época, era um graduando, com isso permanecemos em contato por  e-mail há anos. Conversamos no período no qual estávamos trabalhando em Boardwalk Empire. E ele me perguntou no que eu estava trabalhando, e eu lhe disse, na sequência: e ele retrucou, “Ah, deve conhecer o meu amigo Ed McGinty”. Ed McGinty è um habitante de Atlantic City de quatro gerações, ele era um dos graduandos presentes na noite da conferência.” Portanto o encontrará para um café da manhã em Los Angeles“.

Ele apareceu com uma bolsa cheia de fotos da esposa, muitas das fotos eram do avô, que trabalhava como porteiro no Ritz-Carlton quando o verdadeiro Nucky Johnson que vivia ali. Eu lhe disse: “É você! Está contratado. Não sei para que, mas deve vir trabalhar comigo“.

Edward McGinty:  Na verdade apresentei-me na entrevista com cada um dos livros que eu tinha sobre o Atlantic City . Carregar estas fotografias com anotações sobre todas as fotos, me faz vivo. Após ao fim da entrevista, tirei uma foto do meu avô e minha avó que estavam sobre a passeata, e depois uma foto de meu avô vestido com o uniforme de porteiro do Ritz-Carlton Hotel, era por volta de 1922. Ali ele trabalhava também com meu pai, que era como um carteiro. Essa história percorre no meu sangue.

Terence Winter:  é de fato o chefe dos pesquisadores e também um ator no show. Recitou na parte de um dos partidários de Nucky. Era Boyd. Era um sujeito grosso com bigode. (…)

Quanto sabem os autores das histórias reais?

Edward McGinty: os autores que interpreta os gangsters fazem algumas buscas muito detalhadas sobre quem eram os próprios personagens, talvez também mais do que nós. Durante a primeira estação discutiram muito com os encenadores sobre quem fosse os seus personagens. Michael Pitt era um ávido e voraz pesquisador. Perguntava sempre um monte de informações, coisas sobre a Primeira Guerra Mundial, esses tipos de coisas.

O filho surdo de Al Capone, é um fato verdadeiro?

WinterSim, tratava-se de sífilis congênita. Capone morreu de sífilis. Não sabendo, o gangster estava já afetado pela sífilis quando transmitiu a sua esposa. Assim seu filho nasceu com problemas de audição por causa da doença do pai.

Se chamava Sonny, o levaram para muitos especialistas. Sofreu também uma operação, mas permaneceu parcialmente surdo por toda a vida portanto, é um aspecto extremamente importante da Vida de Capone. Não sei se nunca esteve preso em consideração, num qualquer filme sobre Capone. A grande vantagem de escrever um drama que dura de doze em doze horas, é se aprofundar nas vidas dos personagens em cada detalhe.

Em cada filme  Capone está sempre ao Máximo de seu poder, e pude fazê-lo assim desde rapaz, quando começou era somente um rapazinho bochechudo, que servia não sei quem. Eis Al Capone desde jovem: então pode ir a casa com ele e ver sua esposa e os seus filhos. Muito melhor do que um sujeito com o rosto marcado e o cigarro na boca que enche as pessoas de pauladas.(Veja também: Como Al “Scarcafe” Capone obteve sua Famosa Cicatriz)

Se Deus quiser chegaremos também àquele, mas eu não sei quem era Capone antes de tornar aquilo que todos conhecem e isto o torna 100 vezes mais interessante.

Quais são os detalhes reais sobre Arnold Rothstein, Bugsy Siegel, Lucky Luciano?

Winter: Arnold Rothstein, nutria-se quase exclusivamente de leite e torta, procuramos tornar isso evidente. Trazendo cenas com ele quase sempre bebendo leite. Por algum motivo acreditava também que os figos frescos fossem extremamente salutares, portanto, em Boardwalk Empire, há sempre um vaso cheio em alguma parte.

Arnold Rothstein come cada pedaço dele. É um detalhe muito refinado.

Procuramos também em colher as pequenas matizes, como Benny Siegel que era descrito como um sujeito absolutamente ingovernável. O chamaram “Bugsy” porque as pessoas acreditavam que ele era louco. Tinha ataques repentinos como se fosse afetado por uma espécie de síndrome de Tourette. Assim tivemos de adaptar ao ator um pouco de vezes estes ataques, para que as pessoas pensassem que fosse doido.

Lucky Luciano é um outro exemplo. Uma escolha minha. Ao início da pesquisa li a biografia de Luciano. Vamos avançar a ideia, para irmos na guerra durante o primeiro conflito mundial, onde se infectou com a gonorreia. Era como uma escapatório, uma grande ideia, visto que não havia cura. Os tratamentos eram horríveis, e mostramos um durante a série, com essas siringas cheias de, acredito, mercúrio, injetadas na uretra.

Na biografia também, relatava  de como evitava as mulheres, mesmo estando aos seus pés. Afirmava que não estava seguro que a gonorreia fosse completamente curada e portanto não queria infectar nenhuma delas.

Eu pensei: “Tudo bem. Este sujeito era um assassino e um psicopata, e agora me torna todo sensível e pensativo e não quer difundir a sua gonorreia?”. Aquilo em que acredito e que na verdade tivesse uma sensualidade disfuncional.

Ele evitava essas mulheres porque talvez tivesse alguns problemas de outro tipo. Estou, simplesmente, de novo presos à liberdade artística de dizer que talvez havia um problema ali. Obviamente isso permitiu a sua relação imaginária com a mãe de Jimmy Darmondy, que cuidava do problema em questão. Mas isso também é uma dedução da história verdadeira, mas depois explicada e reinventada por nós.

Veja também: Boardwalk Empire: Pesquisa histórica sobre os anos 20

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